SONHO AZUL REALIZADO
Bastaram 15 km de rio para viver o sonho de pescar em um santuário protegido da depredação
O Ponto de partida desta aventura de pesca é Alta Floresta/MT, de onde seguimos para o rio Azul
O Traslado até a pousada Rio Azul Jungle Lodge, localizada no extremo Sul do Pará divisa com Mato Grosso em Novo Progresso as margens do rio Azul, é feito em uma camionete 4×4
TRASLADO: uma aventura a parte recheada de belas imagens de natureza
Percurso de 120 km vencidos em cerca de 3 horas, incluindo paradas para descanso e muitas fotos para os apaixonados por natureza.
Seguem as fotos a partir de Alta Floresta, a maioria tirada de dentro do camionete
Pelo caminho: Pontes, nascentes, brejos, lagoas, rios e riachos
Vegetação de Transição entre Biomas de Cerrado e Floresta Amazônica
Balsa sobre rio Teles Pires: ponto conhecido como João Bisteca e/ou Porto de Areia a 30 km de Alta Floresta
Nota: após atravessar o rio, entramos na área da Reserva do Rio Cristalino
Próxima parada: Ponto conhecido como Bar do Cabelo Branco, virando a esquerda a estrada faz divisa entre os Estados de Mato Grosso e Pará
Pé de Galinha: a partir deste ponto seguimos rumo a Reserva Estadual de Pesca Esportiva do Rio São Benedito/Rio Azul
Borboletas no chão vermelho, sinônimo de preservação
Flores: simbolizando vida e colorindo a floresta
Aves: casal de coruja-buraqueira, urubu-de-cabeça-vermelha e garça-real
Área da Reserva Estadual de Pesca Esportiva do Rio São Benedito/Rio Azul
Entrada para a área da Pousada Rio Azul
A recepção de boas-vindas é feita pelo casal proprietário, Carlão e Ivani
Mascote da Pousada: Livre nos arredores da pousada a mascote simpática, a Curica ou papagaio-do-mangue (Amazona amazonica)
A Curica (espécie de papagaio da Amazônia) representa outra atividade local que atrai turistas de dentro e de fora do Brasil à região, o birdwatching ou observação de aves. Só na área ao redor da pousada, já foram identificadas 190 diferentes espécies em um único dia, diversidade favorecida por se tratar de área de transição entre os biomas de Cerrado e Floresta Amazônica.
PESCARIA
Ao amanhecer, o bom dia vem da cerração que se entremeia por entre a vegetação alta e densa que nos cerca. Aos poucos, atinge o estrato superior das árvores, onde uma parte se dissipa e outra fica sobre folhas e chão em forma de orvalho. Um cenário mágico e encantador, vale a pena levantar antes do café da manhã para apreciar e fotografar.
Flores, do momento, que atraem beija-flores no pátio da Pousada
Descendo pela trilha de acesso ao rio em meio à mata, cerca de 400 metros, o orvalho que se desprende das folhas em numerosas gotas dá a impressão de chuva, mas é só impressão: saindo da sombra das frondosas copas, o sol brilha forte.
Ao nos aproximarmos do rio, o burburinho das corredeiras aumenta, é o primeiro sinal antes de avistá-lo e do coração bater mais forte, diante do que esse pedaço de paraíso nos reserva.
A FAVOR DA CORRENTEZA
Pier flutuante: acesso aos barcos de pesca, onde ficam ancorados
O anfitrião Carlão é quem nos guia. A partir do flutuante da pousada, com o motor de popa desligado, o barco é levado pela força da correnteza e orientado com uso de um forte e pesado remo de madeira, resistente à força do fluxo da água e muita disposição de Carlão.
Margens do rio emolduradas por paredões verdes de floresta alta e fechada com trechos de águas calmas
E trechos de fortes corredeiras, dependendo da natureza do leito (de areia ou pedras) ou da declividade.
Um ponto interessante são as ruínas da ponte interrompida – Foi bombardeada no dia de sua inauguração para impedir o acesso e extração ilegal de madeira na reserva. Toda a margem direita faz parte da Reserva Militar da Serra do Cachimbo.
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Nossos principais alvos de captura são matrinxãs, bicudas, cachorras-largas e trairões.
Logo as matrinxãs se mostram ativas, atacando pequenos plugs de barbela do tipo crankbait (de 6 cm e 9 g) que imitam pequenos frutos, seu alimento preferido que cai das árvores da mata ciliar. As iscas artificiais são lançadas em remansos próximos à margem do rio, de preferência de seu lado sombreado, onde os peixes provavelmente se sentem mais protegidos. A maioria dos ataques ocorre quando as iscas saem da penumbra para a parte ensolarada.
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Já os trairões se mostram mais difíceis de achar. São tradicionalmente buscados em espraiados, ressacas e trechos de águas lentas e mais escuras com presença de folhas, troncos, pedras ou mudanças abruptas de profundidade, onde se camuflam, imóveis, à espera da passagem de um peixinho desprevenido. Arremessos feitos nesses pontos fazem o coração bater mais forte na expectativa do ataque do peixe. Alguns sobem para as fotos.
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As cachorras são encontradas mais para o meio do rio, em pontos com águas rápidas. Infelizmente, as que fisgamos acabam escapando dos nossos anzóis.
ATRATIVOS NATURAIS
O rio desce apressado, é fácil distrair-se rodeado por tantos atrativos naturais como vegetações exuberantes e floridas, aves, borboletas e jacarés-açus nas margens do rio e perder alguns pontos de arremesso. Mas não há pressa, temos tempo para admirar a paisagem, pegar peixes e fotografar bastante.
CONTRA A CORRENTEZA
A subida é feita com paradas em pontos de corredeiras. O barco é preso em galhos na margem do rio ou apoiado nas pedras durante as tentativas de pescarmos a cachorra-larga e o pacu-borracha.
PESCA COM ISCA NATURAL
Estas são pescadas por Carlão, durante a ancoragem, usando minhoca de isca.
São acompanhadas de outros peixes como jacundás, piaus e várias espécies de pacus.
Para as vampiras do Azul, a isca pode ser artificial ou natural, como tuviras ou filés de piranha.
As iscas naturais são arremessadas a boa distância e recolhidas com pausas e toques de ponta de vara para cima, para dar movimento à isca e evitar que enrosque no fundo nas pedras. Quando o ponto não é tão raso, soltamos um pouco de linha para que ela ganhe um pouco de profundidade. Enquanto desce a corredeira, damos pequenos toques de ponta de vara para a chumbada não enroscar nas pedras. A técnica rende uma bela e forte bicuda.
Para os pacus-borracha nas corredeiras, a técnica é deixar a isca descer com a força da correnteza com ajuda de uma chumbadinha de 10 gramas, novamente executando toques para evitar enroscos. Chegando ao ponto desejado, faz-se uma pausa para dar ao peixe chance de encontrar a isca; então, é feito o recolhimento, com pequenas pausas e toques para cima. O ataque pode acontecer a qualquer momento, inclusive durante a descida e a subida. Uma vez fisgado, esse peixe dá um show de força, lutando contra a correnteza, riscando a água velozmente e finalizando com saltos pelo ar. Usamos minhocas e porções da alga coletada nas pedras que afloram na superfície do rio, iscadas em anzol Tinu 10 com um pequeno empate de aço. Esta espécie de pacu é endêmica da bacia Amazônica, capturado nas corredeiras, briga muito e dá saltos fora d’água na tentativa de escapar do anzol. Sua carne dura e seus saltos parecem justificar seu nome popular
*DICAS: No momento das fotos amarrar o barco nas galhadas das árvores das margens para não passar em branco pelos pontos de pesca enquanto isso. Durante a subida, também é possível realizar paradas em remansos e bocas (de lagoa e de corixos), que sempre valem alguns arremessos de iscas barulhentas e de superfície para tentar os trairões. Ao usar isca de meia-água, é interessante deixar um conjunto montado com isca de superfície à mão, caso surja um ponto com cara de trairão.
PESCA NOTURNA
Próximo ao flutuante da pousada, já escurecendo, ancoramos o barco na pesca de espera com isca assentada no fundo com ajuda de uma chumbada. Vários peixes são pegos, como o palmito, o cachara a até uma raia, mas as cachorras são história à parte: prestes a serem embarcadas, sempre acabam se soltando do anzol, mas com a determinação e insistência de Carlão, uma delas é embarcada.
PRESENTE DO AZUL – matrinxã recorde pessoal
Exploramos um trecho relativamente curto do rio cerca de 15 km, entre o flutuante da pousada e a Corredeira do Jaú, então intransponível , mas a diversidade de peixes e modalidades de pesca foi expressiva. Não temos oportunidade de pescar o famoso tucunaré-fogo, mais comum na foz do Azul com o Rio São Benedito, mas os outros peixes deixam a alegria sempre em alta. Nossa pescaria acontece logo após uma cheia atípica do rio, portanto, com nível alto e águas turvas.
Um stick grande e barulhento sofre, na caída, um ataque próximo a um tronco. Mais rápido e esperto, o peixe leva a isca para o enrosco, vamos atrás para ver. Apenas a isca está lá, travamos uma verdadeira operação de guerra contra a força da corredeira para recuperá-la. Estamos subindo o rio, tentando o trairão. Ao explorarmos as margens de uma ponta de ilha, uma sombra acompanha a isca e passa como um torpedo por baixo do barco. Carlão pede para arremessarmos no lado contrário ao da ilha, no remanso da corredeira. Uma, duas, três batidas fortes e o insistente peixe é fisgado. Salta e dá ares de ser uma matrinxã, quando se aproxima do barco mostra se tamanho e força – uma matrinxã recorde. No momento da empolgação fiz a identificação equivocada, confundindo com uma jatuarana , da mesma família, de porte e peso maior. É meu aniversário nesse dia e considero o troféu como um presente do Rio Azul, maravilhoso e inesquecível
ASSADO NA ILHA
Outros pescadores, todos mineiros, estão hospedados na pousada Dr. Carlos Grossi, Alberto Grossi, Rafael Pereira e Dr. Manoel Alonso combinamos um encontro no rio e partilhamos um assado em uma de suas ilhas. Um momento especial de integração e troca de histórias de pesca, em contato com a natureza.
Nesta local tive o prazer de conhecer a “arvore que anda ” uma palmeira
Turma de Belo Horizonte com seus troféus
BERÇÁRIO AZUL: MERGULHO COM OS TRAIRÕES
Um programa imperdível é adentrar as lagoas marginais, nascentes ricas em vida aquática que fluem para o Rio Azul. Suas águas brotam em ressurgências, cristalinas e azuladas, em leitos de areia branca, deixando tudo à mostra pelos raios de sol como em um grande aquário/berçario natural. Peixes como matrinxãs e piaus, ariscos, se afugentam facilmente, mas os trairões são mais tranquilos e curiosos, muitas vezes se aproximando para uma boa foto sub. Vale a pena fazer o mergulho!
Rafael Pereira nos ajuda na imagem sub aquáticas
Outra Lagoa: esta exploramos embarcados, mas pode-se fazer flutuação
Pousada: construída na margem esquerda do rio Azul, há dez anos, em área escolhida a dedo por Carlos e Ivani. Do lado direito
Algumas imagens de seus aposentos: chalés e refeitório
Refeições: café da manhã, almoço, jantar, sobremesas e petiscos
Sashimi – um dos petiscos
Outras especialidades da cozinha nos petiscos que fizeram sucesso foram os pasteis e patê de piau
Bolo de aniversario surpresa– Era meu aniversario, mas a maior surpresa foi quando, na hora de cortar o bolo, fiquei sabendo que eu e a Ivani fazemos aniversario o mesmo dia!
Obrigada, Ivani e Carlão!!!! saudade deste bolo com Castanha do Brasil, hum…bom demais!!!
Despedida
MUITO OBRIGADA RIO AZUL!!!!
Alta Floresta: O clima quente e úmido e a topografia predominantemente plana da região de Alta Floresta, MT, contribuíram para o desenvolvimento da agropecuária na região, que com isso pagou o preço do desmatamento. A atividade de garimpo também causou grandes impactos em décadas passadas, porém, em anos mais recentes, a cidade se firmou como principal ponto de partida para as pescarias feitas entre o norte do Mato Grosso e o sul do Pará.
Rio Azul: A bacia do Teles Pires é o principal veio por onde correm águas habitadas por peixes de interesse ao nosso esporte, e, dentre os rios que fazem parte de sua bacia, o Azul merece ser conhecido. Com nascentes na Serra do Cachimbo, ele percorre cerca de 250 km de extensão antes de desaguar no Rio São Benedito. Está inserido em uma Unidade de Conservação, a Reserva Estadual de Pesca Esportiva do Rio São Benedito/Rio Azul, protegida por lei do desmatamento e da pesca predatória desde 2001, sendo permitido em suas águas somente o pesque e solte. A Reserva possui área total de 603,47 Km², localizada a sudoeste do Estado do Pará, nos municípios de Jacareacanga e Novo Progresso.
A região apresenta grandes e importantes corredores de preservação da biodiversidade que abrangem o Norte do Mato Grosso, o Sul do Pará e o Sudeste do Estado do Amazonas. Um mosaico de unidades de conservação, que inclui, respectivamente, o Parque Nacional do Juruena, a Reserva de Pesca Esportiva do Rio São Benedito/Rio Azul, a Serra do Cachimbo (reserva militar, campo de provas Brigadeiro Veloso) e o Parque Estadual do Cristalino. A Reserva Militar da Serra do Cachimbo , que faz parte de toda sua margem direita serviu de barreira e acabou impedindo que o desmatamento atravessasse o Rio Azul. Uma aliada para Carlos José Carvalho, 55 anos, paulista de Dracena que, junto com a esposa Ivani e família, há dez anos defendem uma área de 36 hectares na margem esquerda do rio
EQUIPAMENTO USADO
Vara de 53 a 6, 17-20 lb, de ação média a rápida; Carretilha de perfil baixo; Linha de multifilamento de 20-30 lb; Líder de fluorcarbono de 0,42-0,52 mm com o comprimento da vara; Iscas artificiais: plugs de superfície de até 13 cm (sticks e zaras barulhentos para os trairões), plugs de meia-água de 7,5 cm e 9 g nas cores transparente, prata, osso e verde-limão, com garateias finas e afiadas para as matrinxãs. Ainda na meia-água, modelos de barbela curta com até 11 cm para as cachorras e bicudas; Empate de aço flexível de 10 lb e até 8 cm (opcional); Iscas naturais: minhocas e algas para o pacu-borracha e tuviras e filés de piranha para as cachorras e trairões.
Levar também Alicate de contenção para embarque dos peixes e de bico longo para retirada de garateias, óculos polarizados, boné, neck tube ou chapéu com proteção para orelhas e pescoço, protetor solar, repelentes de insetos, roupas leves de secagem rápida, luvas, capa de chuva, bolsa impermeável para pequenos pertences, kit de remédios, licença de pesca e máquina fotográfica, inclusive uma subaquática.
COMO CHEGAR
Via aérea: em voo comercial até Alta Floresta e, em seguida, taxi aéreo ou traslado terrestre até a pousada.
Por rodovias (partindo de S. Paulo, SP): SP-348 (Rod. dos Bandeirantes), passando por Campinas e Limeira; SP-310 (Rod. Washington Luiz), passando por São Carlos, Araraquara, São José do Rio Preto, Santa Fé do Sul, Aparecida do Taboado (MS), Chapadão do Sul e Alto Araguaia (MT); BR-364 passando por Rondonópolis e Cuiabá; MT-010 até Rosario do Oeste; BR-163 passando por Nobres, Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sorriso, Sinop, Santa Helena; MT-320 passando por Colider; MT-208 até Alta Floresta. A partir daí, seguir por estrada de terra por cerca de 130 km até a pousada. Total de 2 500 km.
AGRADECIMENTOS
reservas@pousadarioazul.com.br
(66) 3521 3822 / 9678 3013 / 8404 2253
VER MAIS:
Matéria Publicada na Revista Pesca Esportiva > Azul abaixo
http://isabelpellizzer.com.br/azul-abaixo/
Vídeos de Pesca do You Tube
Mergulho com o trairão da Lagoa Azul
Piranha-preta do rio Azul/Sul do Pará
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