Rio São Benedito é um afluente do rio Teles Pires. Lidera em preservação, decretado desde 2001 em Reserva de Pesca Esportiva pelo estado do Pará, onde dali ninguém leva peixe pra casa, apenas comer no local. É só pescar e soltar o ano todo.  São encontrados peixes como trairões, cachorras-largas, bicudas, matrinxãs, tambaquis, cacharas, capararis, jundiás, jaús, pirararas e os pacus-borrachas. Sem falar das traíras, jacundás e piranhas, estas de grande porte nas corredeiras. O tucunaré-fogo é o mais requisitado, que encanta por sua beleza e esportividade. Emoldurado por Bioma de transição de Floresta Amazônica e Cerrado, que aliado a preservação local proporciona a presença de inúmeras espécies endêmicas de peixes, aves e vegetais.

Pescar no Rio São Benedito era um desejo antigo, guardado na espera por 11 anos, e, no momento certo, ele é realizado.

Fomos de carro próprio com mais um casal amigo, Angela e Luíz Rother.

Balsa Cajueiro em Paranaíta (MT) atravessando o rio Teles Pires sentido Pousada Salto Thaimaçu no Pará

Após 2.180 km e dois dias de viagem e aventura pelas estradas chegamos à Pousada Thaimaçu, recepcionados por Eunice Seravali (a proprietária) e os guia Ricardo e Joel.

Prédio central: cozinha, restaurante, loja artigos de pesca e escritório no térreo e sala de TV, mesa de jogo e área aberta piso superior. Dispõe de telefone e internet

Nos acomodamos no quarto, super espaçoso, cama confortável, com ar condicionado, frigobar e banheiro com ducha quente e depois ajeitamos a tralha de pesca para o dia seguinte com ajuda de Ricardo e Joel na varanda do quarto com vista para o rio.

Foram 4 dias inteiros dedicados à pesca, com o objetivo é capturar o famoso e endêmico (encontrado em áreas especificas) o tucunaré-fogo (Cichla mirianae) e também outras espécies de peixe que podem ser ali pescados.

No portinho da pousada onde ficam os barcos de pesca temos o primeiro contato com seu potencial de pesca. Pacus-borrachas, cacharas, tucunarés e trairões se exibem “desfilando” sob os barcos (registrados em videos que em breve no you tube). Pesca-los ali é tentador, porém proibido, por ser uma pesca fácil e, os peixes, são como fossem parte da família Thaimaçu.

Abaixo, em frente à pousada, está a famosa corredeira Salto Thaimaçu, nome que veio da junção dos nomes dos filhos da Eunice, Thai (de Thais) e Carlos Marcelino (apelido Maçu)

 

PESCARIA: A pescaria se inicia com tempo embasado. a tarde tivemos uma forte rajada de vento com indicio de chuva, mas tudo é passageiro, o tempo firma confiante, garantindo 4 dias de sol escaldante.  O rio se mostra tranquilo, de margem preservada composta por arvores de médio a grande porte

E, bora “suar a camisa” atrás dos peixes com gostinho de emoção na ponta da linha.

1º dia a pesca é rio acima em dois lagos, o Primeiro Lago e o Lago dos Patos atrás do tucunaré-fogo e do trairão.

Pontos de pesca: Nos lagos observamos a presença de aguapés, capins e estruturas de galhos e troncos caídos nas margens onde lançamos nossas iscas artificiais e, por vezes, também em direção ao centro em locais mais rasos. Pontos estratégicos, preferidos pelos tucunas e apontados pelo guia Ricardo que conhece bem a “morada” dos peixes no local. Enquanto trabalhamos as iscas, todos ficam atentos observando a movimentação dos peixes através de rebojos, marolas e batidas em que denunciam sua presença.

Técnica de pesca usada: Eu e Serginho, meu esposo e parceiro de pesca, alternamos isca de superfície e meia água. Temos várias ações de ataque as iscas, alguns peixes fisgados escapam antes do embarque, sendo três deles de bom porte. Estão manhosos, o jeito foi mudar para uma vara de ação lenta, de 6 a 12 libras, linha de 20 libras, leader de fluorcarbono de 0,42 mm e, ainda, liberar um pouco o fricção após a fisgada e usar iscas de meia-agua de até 9 cm com paradas no recolhimento.

O resultado vem positivo com bons tucunas de até 3,5 kg de peso e vermelhos como fogo (Cichla merianae), honrando o seu nome como é popularmente conhecido. Eles não se exibem em saltos no ar fora d’água quando fisgados, afundam a ponta da vara, passam por baixo do barco mostrando-se valentes e espertos. Mas quando é pego com o alicate de contenção e retirado da água sua beleza é de encher os olhos de admiração. De aparência saudável, seu ventre é vermelho vivo, com manchas escuras nas laterais de formato circular e barbatanas azulada. Um dos tucunas mais lindo que tivemos a oportunidade de pescar, ficamos encantados, realmente um privilegio ser presenteados em nossa primeira investida de sua pesca com tanta beleza.

Biodiversidades nos Lagos

Dia seguinte subimos o rio Azul por uns 40 minutos no motor 25 HP na tentativa da capturar outras espécies, como o pré-histórico trairão amazônico, o Hoplias aimara, com o mesmo equipamento dos tucunarés. 

Pontos de pesca: Fomos direto, sem paradas e voltamos pescando em pontos escolhidos pelo guia, como boca e dentro de lagoas, e também no rio em remansos, grotas, nos espraiados, com presença de capim e camalotes de aguapé flutuantes. Nas beiras de barrancos também arremessamos nossas iscas artificiais junto as estruturas de galhos e troncos caídos.

Técnica de pesca: Queremos mais emoção e as iscas de superfície voltam para água, com escolha por uma de trabalho mais delicado e menos barulhento, a redpepper, e recolhimento bem compassado. Funciona, os tucunas reagem em ataque e não escapam, pegam com vontade e, alguns, devido a transparência da água, são pegos no visual, ou seja, é avistar o peixe, arremessar e ver o ataque. Muita emoção na ponta da linha e nas mãos e dá-lhe fotos para registrar a emoção e a beleza deste tucunaré. Bicudas também são capturadas, mas o trairão desejado não apareceu.

Grande diversidade de peixes são capturados além dos tucunarés

O Rio Azul é um rio mais estreito e de fluxo mais rápido que o São Benedito. Segundo o guia Ricardo, na verdade o Azul é um “furo” do São Benedito. De grande extensão em comprimento, denominado São Benedito II, porém, para não haver confusão de nomes, é chamado de rio Azul.

Devido à distância da pousada ao ponto de pesca, optamos por fazer um assado na barranca, mas pode-se voltar para o almoço ou levar marmita para aqueles que não querem ficar muito tempo parado sem pescar.

Neste dia temos um show à parte que não é de peixe e sim de quem gosta de comer um peixinho, a “Garcinha do Azul” como é carinhosamente chamada a garça-branca-pequena (Egretta thula) que “mora” na praia da foz do Azul.

Os barcos passam, ela pousa na borda na tentativa de ganhar um petisco e, mesmo navegando, a emoção não para, a nossa frente temos um belo pôr do sol e a garcinha se exibindo na proa do barco. E claro não escapa de ser fotografada e filmada

Mais biodiversidades no Rio São Benedito e rio Azul

imponente sumauma do São Benedito

Novo dia e a pesca é nas corredeiras Thaimaçu em frente ao Lodge, nosso foco é pescar a matrinxã e o pacu-borracha. Descemos a pé pelas lajes de pedra aparentes pelo nível baixo do rio.

Ricardo leva um balde de ceva e iscas de pele de frango e frutas.

O equipamento é mais pescado devido a força das corredeiras, usamos vara 20 libras, ação rápida, linha de multifilamento de 40 libras, leader de 0,62  mm e  anzol Tinu 10 encastoado (empate de aço de 10 lb e 5 cm) devido à forte dentição destes peixes.

Na primeira tentativa vem uma bela matrinxã de 3 kg

depois as ações cessam, os peixes ficam ariscos com o movimento. Lançamos a isca um pouco mais distante num ponto para ela pegue a força da corredeira e siga a jusante. Mas quem vem para as fotos são as famigeradas piranhas-pretas de até 3,5 kg e também muitos anzóis perdidos com o líder de fluorcarbono e empate de aço cortados pelas piranhas.

piranha-preta (Serrasalmus rhombeus)

É preciso mudar a estratégia de pesca e ponto, pois o rio é preservado e os peixes estão ali. Ricardo vai até as pedras encachoeiradas e semi-submersa e coleta algas, alimento natural do pacu que é fixado no anzol em chumaço com ajuda do elastricô para que não escape facilmente.

Lançamos a isca, a ação não demora e a fisgada é certeira, o pacu-borracha dá seu show de saltoe vem para as fotos e mais uma espécie é comemorada e registrada.

Pesca peixes de couro: Queríamos mais diversão nas corredeiras, mas nosso tempo é curto para cumprir nossa intenção de mostrar as diversidades de peixe, então partimos de barco atrás das cacharas e outros peixes de couro rio acima.

O barco é fixado na encosta de pontos espraiados e lançamos as iscas, tuviras, próximo ao capim ou aguapé, o resultado é de piranhas e dois puxões perdidos. 

Mudamos para modalidade de rodada e, para a nossa surpresa, um tucunaré fogo é capturado.

pronto para ser liberado pra vida

Após o almoço vamos até um ponto do Rio Azul e tentar a pesca de rodada e conseguimos embarcar três cacharas e um palmito. O equipamento é o mesmo usado com o pacu, somente mudamos o anzol para um 7/0 encastoado.

E para encerrar no 4º dia e ultimo dia de pesca. subimos o rio São Benedito até altura da foz do afluente, o rio Matrinxã, em mais uma tentativa aos trairões.

Esta parte do rio tem presença de corredeiras, águas rasas e muitas pedras. A navegação é feita com cuidado e devagar com o motor de popa a meia-água e o Serginho sentado na proa do barco.

Chegando ao ponto: Foz do Rio Matrinxã a pesca se inicia e Serginho  captura uma bicuda

Técnica de pesca: Descemos pescando com Ricardo controlando o barco no remo e nós arremessando as iscas artificias de superfície em direção a margem direita do rio e também no meio.

Tivemos excelentes resultados, finalmente capturamos os brutos trairões de até 8 kg, missão comprida!

Capturados com mesmo equipamento dos tucunas, porém um stick mais pesado devido a força da correnteza. Também tucunarés-fogos de bom porte e valentes, estes menos vermelhos, e também bicudas menores.

E mais tucunarés-fogos

Foi um dia produtivo, conseguimos o desejado trairão que faltava… 

Final de tarde, estamos distantes da pousada, melhor voltar e dar por encerrada nossa jornada de pesca com este por de sol fantástico

Foi tudo perfeito, tanto em ralação a hospedagem como a pescaria.

Ficamos realizados e felizes em conhecer o rio São Benedito, o famoso tucunaré-fogo e mostrar um pouco do potencial do lugar. Ficou o desejo de um novo retorno com mais tempo para nos divertir com a pesca dos pacus e pescar os grandes peixes de couros a jusante do Salto Thaimaçu. E também aproveitar mais os arredores da pousada onde circulam livremente aves, mamíferos e borboletas.

Vale lembrar do “mascote”da pousada, a anta Fofão, órfão e criado solto desde pequeno que aparece sempre para comer na porta da cozinha da Pousada.

anta Fofão

O Luiz, amigo pescador de peixes de couro, pratica com sucesso a pescaria com iscas artificias e Angela, também pesca e bons peixes, mas se diverte mesmo fotografando aves e outros animais.

Angela e Luiz com o guia de pesca o Joel

Isca artificiais mais usadas

Não esqueça: Usar bloqueadores solares, bonés ou chapéus, óculos polarizados, roupas leves e muita água para hidratar. Máquina fotográfica para registrar os troféus

Como Chegar: À partir Alta Floresta seguir de transfer terrestre ou voo fretado até a pousada

Hora de partir, despedir  e agradecer: Obrigada São Benedito e Thaimaçu, obrigada Eunice, obrigada Ricardo!

Obrigada Angela e Luiz pela companhia

Foto aérea do Pousada (capturada do site)

Algumas fotos do arredores da imponente pousada, toda refeita há 5 anos, e a paisagem bem cuidada ao redor, encanta. Um paraíso próximo às margens do rio São Benedito, zona rural de Jacareacanga, sudoeste do Pará, próximo a Alta Floresta, MT.

Horta orgânica que fornece verduras para as refeições na pousada em geral

Pista de pouso e hangar

AGRADECIMENTO:

Pousada Salto Thaimaçu Lodge

www.thaimacu.com.br

thaimacu@thaimacu.com.br

Reservas: (66) 35632055

instagram: @pousadathaimacu

Facebook: www.facebook.com/pousadathaimacu